Agenda de shows em 2012 foi cheia em Porto Alegre, mas cenário autoral preocupa
Pedro Palaoro, publicado no Sul 21
2012 foi um ano diferente para quem gosta de espetáculos ao vivo em Porto Alegre, em especial de rock. Espetáculos nacionais e internacionais de grande porte embelezaram o calendário musical do ano – mas, por outro lado, o cenário de musica autoral está passando por um período difícil na cidade.
Poderíamos afirmar, sem medo de errar, que o encontro de Anthrax & Misfits foi épico, que a apresentação da também americana Agent Orange foi histórica, e quem gosta não deveria ter perdido a convenção do peso que Krisiun, Distraught e Leviaethan promoveram. A volta do Planet Hemp, o renascimento do Raimundos, o infalível Marcelo Nova, e o sempre agradável Roupa Nova. Jack Bruce, Flogging Molly, Lady Gaga – tantos ainda poderiam ser citados… Mas preferimos falar com quem realmente entende do assunto, e permitir que eles entrem mais a fundo na questão.
Porto Alegre vs. Música
Para o músico e compositor Tonho Crocco, a cena musical da capital gaúcha não está passando por uma boa fase. Ele explica que em uma cena musical completa acontece da junção de forças entre artistas, locais de show (casas e/ou festivais, por exemplo), público e mídia, e que Porto Alegre tem problemas em dois dos importantes fatores desta conta.
Tonho critica a postura da mídia, principalmente a impressa, na falta de espaço que dá aos artistas e músicos locais, enfatizando a importância de um cenário musical local saudável, mesmo que haja uma quantidade grande de espetáculos de grande porte em passagem pela cidade. Classificou como “desastrosas” as medidas da prefeitura que limitaram a música ao vivo e promoveram o fechamento de bares e casas de show na capital gaúcha. Ainda salientou que o repasse à iniciativa privada de espaços públicos como o Auditório Araújo Viana e o Largo Glênio Peres seria outra representação clara de desatenção com a cultura da cidade.
O jornalista Leo Felipe, conhecido ator da cena de rock porto-alegrense, também afirma ter impressão que a cena musical de Porto Alegre vem diminuindo nos últimos anos. Segundo ele, desde a primeira metade da década 2000 isso vem acontecendo, e a vida noturna vem se tornando cada vez mais propícia a festas do que a música ao vivo.
“Esse foi um ano fraco para (pequenos) shows internacionais” afirma Leo. De acordo com ele, as casas que tradicionalmente investem nisso, como o Beco 203, não o fizeram este ano. Em oposição a isso, Leo considerou importante a reabertura do Auditório Araújo Viana: “Para bem ou mal, foi um evento, é um espaço interessante, é importante ter uma casa a mais na cidade.”
Para o diretor da Opus, Carlos Konrath, o ano que passou “mostrou mais uma vez o potencial da cidade para receber shows grandiosos e de qualidade”. E confirmou a reabertura do Auditório Araújo Vianna como o evento do ano, levando em conta a representatividade do espaço para a capital gaúcha. Konrath ainda afirmou que a recepção do público aos espetáculos mostrou que os moradores da cidade “estão ávidos por cultura e têm valorizado os artistas internacionais” que escolhem Porto Alegre como destino.
Os shows do ano
Leo Felipe destacou o show de Thurston Moore (ex-Sonic Youth) como um dos pontos máximos de 2012. “Ao conseguir unir vários clichês do rock’n’roll com muito violão, fez do show um grande momento”. Para ele o show da Lady Gaga também foi um dos melhores do ano. Apesar de admitir “um pouco de birra”, afirmou que se trata mesmo de uma ‘performer’ espetacular e com muito carisma. Ainda sobre a cena local, salientou o show da banda Sinuca de Bico, a qual classificou como excepcional.
Carlos Konrath chamou a atenção para a turnê de Marisa Monte entre os espetáculos nacionais. E entre os internacionais os destaques ficaram para o musical Cabaret e o show deRoger Hodgson, ex-líder do Supertramp, em sua estréia em solo gaúcho.
O músico Tonho Crocco preferiu apontar artistas genuinamente gaúchos. Ao realçar o PercPOA (Festival de Percussão de Porto Alegre) como um dos grandes momentos do ano, também citou o pelotense Giba Giba, o portoalegrenseRichard Serraria, a banda Funkalister e a Brilho da Lata.
E 2013?
Carlos Konrath está otimista de que, com o Araújo Viana reaberto, o numero de apresentações venha a aumentar e isso favoreça muito os artistas locais. Leo Felipe não vê o panorama com tanto entusiasmo, mas fala que vê perspectivas interessantes com o Bar Ocidente revendo sua trajetória e voltando a abraçar o publico alternativo, e que de qualquer maneira o Araújo Viana pode melhorar a oferta de shows.
Tonho Crocco está pessimista. Conta que, com quase dois anos reivindicando por melhores condições de trabalho e uma melhoria de espaços para show na noite, não está vendo muitas mudanças no horizonte. Um protesto que aponta necessidades para que o público d Poro Alegre possa curtir mais música no novo ano.
Um comentário:
muito bom,estou seguindo !!
abs
Malasia!!
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