Antecedentes ou precursores:
Cartografia poética e
social – Auto do Frade /
João Cabral de Melo Neto
Diferentes classes sociais e diversas formas métricas de expressão
poética
O metro que muda conforme o pertencimento social na Recife do
século XIX
O que a descoberta de Cabral gerou em mim:
Cartografia poética aplicada à canção
Toponímia da cidade que funciona dentro do tecido da canção para
além do sentido estrito da localização. Aproveitando a polissemia de alguns
nomes de lugares, estabelece-se uma tentativa de fazer com que o entendimento
não se esgote na localização geográfica. Busca de que o texto da canção
funcione autonomamente mesmo para quem não conheça os lugares citados. Ao mesmo
tempo para quem conhece a geografia da cidade alarga-se a possibilidade de leitura
da canção que propõe um passeio por determinado território geográfico.
Conto que gerou a canção:
O pescador e sua alma
Oscar Wilde
O pescador se apaixona e ama a sereia e para tanto desfaz-se
(vende ao Diabo por intermédio de uma bruxa) da sua alma que passa a andar pelo
mundo como algo errante e regido pelas trevas. A alma regressa e tenta o
pescador 3 vezes: primeiro com sabedoria, depois com riqueza e por último
oferece-lhe sexo em quantidade (simbolizado pelos pés brancos das mais belas
dançarinas). O amor não é apenas melhor que a sabedoria e a riqueza mas
sobretudo é superior ao Prazer.
A letra nascida:
Ojangadeiro não sabe nadar
Richard
Serraria e Otávio Santos
Minha beira é de praia, meu fundo de mar
Sou jangadeiro mas
não sei nadar
Na lua da areia, na pedra do morro
Silêncio nas ondas: escuto de novo
Dorme a cidade, acorda a aldeia
No Leme deserto:
sirenes, sereias
Jogando a tarrafa, linha bailarina
Puxando a rede que despe a menina, que despe a menina.
Nada
além:
é
dois de fevereiro eu vou pra beira do mar
Tudo fica bem! Sorrio de janeiro a dezembro com teu beijo, minha Iemanjá, Iemanjá, Iemanjá, Rainha do Mar, Rainha do
Mar.
Minha crença é de praia, meu Jardim
de Alá
Sou mandingueiro mas não sei rezar
Boca de Espuma, Arrasta Povo
Incêndio nas ondas: vem cá, Botafogo!
Dorme princesa, acorda Isabel
O túnel na pedra, um brilho no céu
Jogando a garrafa, minha dançarina
No mar tenho sede, quero Janaína, quero Janaína.
Dorme a cidade, dorme a cidade, dorme a cidade...
Ouça a canção no player ao lado
Foto de Leandro Anton
Fala proferida no I Colóquio de Geografia, Literatura e Música da UFRGS
Dia 19 de abril de 2012 no Campus Vale
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