sábado, 17 de março de 2012

ABC Domingo (Juarez Fonseca) 18 de março de 2012




À frente da banda Bataclã FC, com a qual fez três discos, Richard Serraria já mostrava sua determinação em pensar ritmica e poeticamente novos trânsitos para a música do RS, evidenciando, por exemplo, os fundamentos negros de seu DNA. Mestre em literatura pela Ufrgs e estudioso da canção brasileira, passou a unir as duas formações em um projeto de interação do Brasil com o Prata. O primeiro, e vigoroso, resultado prático disso é seu segundo disco individual, Pampa Esquema Novo – que dá o tom do ideário já no título, referência ao histórico LP Samba Esquema Novo (1963), de Jorge Ben. As palmas afro-tribais e percussões da faixa-título abrem a porteira para uma viagem movida a samba, sambarock, bossa, maracatu, ijexá, milonga, maçambique, candombe, tango, com intérpretes e instrumentistas dos três países.
Pampa Esquema Novo é uma profissão-de-fé cultural igualmente histórica, arrisco-me a dizer. Milonga de Todos os Lugares, de Zelito, Pirisca Grecco e Pablo Grinjot, passa por cidades, estradas, praias e rios do Sul, sintetizando o projeto. Há canções de amor, como A Flor de Perto, a dançante e afro-gauchesca Bailadera, a bossa tangueada Vira Lata de Rua, o samba carnavalesco em espanhol Temporal, e muito mais. O álbum foi gravado entre Porto Alegre, Montevidéu, Buenos Aires e São Paulo. A ficha técnica é enorme, cito apenas alguns dos músicos que o fazem e abrem o caminho, como Daniel Drexler (Uruguai), Grinjot (Argentina), Zeca Baleiro, Marcelo Delacroix, Vanessa Longoni, Andréa Cavalheiro, Ângelo Primon, Lucas Kinoshita, Mimo Ferreira, Matheus Kleber, Felipe Narcizo. (Fumproarte/Tratore)

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