Estive em Tanger (Marrocos, ao norte), descendo por Tarifa (Mar Mediterrâneo, lado espanhol extremo sul da Andaluzia) e ainda passei por Algeciras. Havia passado por Granada no princípio do mês de fevereiro, buscando referências para entender um pouco sobre a cultura andalusi, tentando conhecer um pouco mais o flamenco. Em Granada comprei um disco do Ritual Sufi Andalusi, música do século XIII recriada por músicos do norte da África. Essa referência musical deu origem ao flamenco e assim adquirir esse volume foi algo natural já que a bibliografia vasta caminhava nessa direção ("El flamenco y la música andalusi (argumentos para un encuentro)", livro escrito por Cristina Cruces Roldán e ainda o livro "Teoria Musical del Flamenco" de Lola Fernández. Ambos livros chegavam de certo modo a tais conclusões, de que o flamenco é alma e expressão gitana e portanto o trânsito dessa matriz cultural ao longo dos séculos percorreu vários caminhos. Assim, escutar os cantos dessas cofradias religiosas islâmicas realmente cada vez mais me comovia nessa viagem. Em Tanger encontrei Omar Metiouí (fotos), Diretor Musical desse disco acima citado onde também canta, compreendendo Ritual Sufi-Andaluzi de 1212 a 1269. Omar dirige a Associação de Confluências Musicais e assim batemos um longo papo ao longo da semana que passou. Nessa associação há uma luthieria onde se constroem alaúdes e dali saí impressionado com o ofício artesanal desenvolvido por artistas que trabalham a madeira, artesãos na plena acepção do termo. Ainda fiquei sabendo do Festival de Músicas Tradicionais do Mundo, que de 27 de junho próximo até 01 de julho terá sua quarta edição. Saiba mais em www.tarabtanger.com
De tudo o que mais me marcou ao longo das conversas com Omar Metioui foi o fato dele explicitar o conceito e ideia central do festival e de seu trabalho: buscar as raízes daquilo que ele julga ser a música pura e evitar as fusões num momento histórico em que tudo se funde, tudo se mescla, tudo se transforma e se amalgama perdendo sua essência.
Belo ponto de partida para reflexões muitas. Saí de lá intrigado com essa ideia e portanto paro por aqui certo de que no Marrocos o bagulho é islâmico.
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